23/04/2022 14:09
Tarde demais pra esta casinha
"Certa vez, quando a vida já havia percorrido duas décadas de salto, vi no verde da relva a esperança em rã pulando com pujança até a casinha da árvore, o lugarzinho de tanto anseio e cheiro de infância, se lembra?
Foi então que na subida seca da escada, súbito, a paisagem suspendeu no ar, se não borboletas e sonhos, a saudade sepultada saltando em sépia da memória dissecada.
Ah, não sei se ainda me caibo toda nesta casinha tão miudinha e adorada, nem tampouco nesse grande sonho de menina fugidia. Tarde demais! E ainda bem que "demais" foi só o grau mais agudo do fim do dia...
E o tempo são apenas pulguinhas buliçosas na árvore da memória, onde os gigantes da saudade percorrem mil léguas a secreta casa permanente do reino equidistante com seus sapatinhos de cristais sobre tapetes de lembranças coloridas".
(Kátia Surreal)