"Cabo de guerra" (poesia)- 18/6/2019

06/11/2020 18:24

Cabo de guerra

 

 

A corda que puxa

Pra direita e esquerda

É de cipós. Feitos em nós

Natureza morta.

 

Mas as mãos que a sustentam

São de fibras. E sangue vivo!

 

Um vai e vem infinito

De forças que não resistem.

 

Lá vai a corda pra esquerda...

Lá vem a corda da direita...

Acorda!

Pra que canto a corda cai?

 

Desencanto...

 

A massa da resistência

Na frágil sobrevivência

Ergue, então, a existência.

 

E lá se vamos pro cabo de guerra

Em laços e pedaços

Na antítese da resistência

No oximoro do sistema

Sem resistência, não há existência!

 

A resistência e a res

Sabe a res, coisa latina...

Aqui não há reis, amigo!

E o cipó está vivo sim.

Porque está em nós.

(Kátia Surreal)

In: SURREAL, Kátia. “Cabo de guerra”; In: LiterATOS: o jornal de poesia da Uerj. Seção n°2, publicado dia 18 de junho de 2019. Ato 1; p. 22-23.