"Abra-te, fábrica" (poesia): 28/11/2019

29/10/2020 19:53

Abra-te, fábrica

 

Abra-te, fábrica,

Que o trabalhador já vem

Nosso trabalho é luta

Não lucro

Em real, xelim ou vintém

 

Abra-te, operário, à tua fada

Que o fardo da exploração

É a tua desgraça

 

O sistema de farsas

A alma do homem mata

No regime das máquinas

Convertido em horas sádicas

A vida transmutada

Em lástimas

Densas lágrimas...

 

Senhores sujeitos,

À praça!

Com vossos corações

Em milhões,

Em massas

Contra a maldita praga

Desta gente rata

E tão ávida

A roer nossa desgraça

Senhores sujeitos,

À praça!

 

Abra-te, fábrica,

Teus ríspidos portões

Que sem os grilhões

Vêm vindo

Os proletários

O proletário

Em seu ritmo

Não diário

 

Abra-te, irmão,

Teu pensamento

Teu argumento

Teu coração

Não há mais razão

Suportar a exploração

Louco regime da desunião!

 

Trabalhadores, uni-vos!

Qu’este é o verdadeiro espírito

D’um esplendoroso grito

Em denso ritmo

De união,

Nação...

 

Proletários, uni-vos!

Que o povo é soberano

Sobretudo, destemido

Ora digo:

Ouçam nossos gritos

Na fábrica, os gemidos

E o agito...

Suspiro...

 

Um fantasma ronda as fábricas?

Um fantasma ronda o mundo?

Não é um absurdo

O que ora escuto

O que ora vejo

A falange dos sem medo

 

A mudança em mil lideranças

A nova esperança

Se espalha e se espelha

Por toda parte

Karl Marx!

 

Liberta-te da chantagem

Do aparelho da ambição

Desperta-te, irmão,

Livra-te de qualquer grilhão

Façamos a revolução!

 

Amigo, não te acovardas

Eis o espírito máximo:

Marx!

Abra as portas agora

Nesta exata hora!

Vambora!

 

Uni-vos, irmãos!

Em gritos,

Na praça

Com raça

A magna massa

Não se descompassa

Uni-vos!

(Kátia Surreal)

Disponível também no site Liberdade e Luta, em 28/11/2019

<https://liberdadeeluta.org/node/534>