Corvo literário - Site do escritor Adam Mattos
24/04/2022 10:25Kátia Surreal é integrante do Corvo Literário, site de textos literários.
Invite a incômodos experimentos literários
Abra-te, fábrica
Abra-te, fábrica,
Que o trabalhador já vem
Nosso trabalho é luta
Não lucro
Em real, xelim ou vintém
Abra-te, operário, à tua fada
Que o fardo da exploração
É a tua desgraça
O sistema de farsas
A alma do homem mata
No regime das máquinas
Convertido em horas sádicas
A vida transmutada
Em lástimas
Densas lágrimas...
Senhores sujeitos,
À praça!
Com vossos corações
Em milhões,
Em massas
Contra a maldita praga
Desta gente rata
E tão ávida
A roer nossa desgraça
Senhores sujeitos,
À praça!
Abra-te, fábrica,
Teus ríspidos portões
Que sem os grilhões
Vêm vindo
Os proletários
O proletário
Em seu ritmo
Não diário
Abra-te, irmão,
Teu pensamento
Teu argumento
Teu coração
Não há mais razão
Suportar a exploração
Louco regime da desunião!
Trabalhadores, uni-vos!
Qu’este é o verdadeiro espírito
D’um esplendoroso grito
Em denso ritmo
De união,
Nação...
Proletários, uni-vos!
Que o povo é soberano
Sobretudo, destemido
Ora digo:
Ouçam nossos gritos
Na fábrica, os gemidos
E o agito...
Suspiro...
Um fantasma ronda as fábricas?
Um fantasma ronda o mundo?
Não é um absurdo
O que ora escuto
O que ora vejo
A falange dos sem medo
A mudança em mil lideranças
A nova esperança
Se espalha e se espelha
Por toda parte
Karl Marx!
Liberta-te da chantagem
Do aparelho da ambição
Desperta-te, irmão,
Livra-te de qualquer grilhão
Façamos a revolução!
Amigo, não te acovardas
Eis o espírito máximo:
Marx!
Abra as portas agora
Nesta exata hora!
Vambora!
Uni-vos, irmãos!
Em gritos,
Na praça
Com raça
A magna massa
Não se descompassa
Uni-vos!
(Kátia Surreal)
Disponível também no site Liberdade e Luta, em 28/11/2019
<https://liberdadeeluta.org/node/534>